VIOLÊNCIA DE GÊNERO CONTRA MULHERES E MENINAS: DESAFIO E COMPROMISSO DAS IGREJAS.
Arthur Cavalcante[1]
Ilcélia A. Soares[2]
Resumo
O artigo propõe tratar a violência de gênero contra Mulheres e Meninas na sociedade brasileira, em especial no contexto das Igrejas Cristãs. Tal situação é atestada pelos índices das delegacias da mulher e na vivência no ambiente eclesial. Entende-se que a violência de gênero se apresenta de diversas formas não só física, mas sexual, psicológica, material e simbólica.As Igrejas Cristãs convivem diariamente com essa realidade entre seus fiéis espelhando a violência encontrada na sociedade. Nesse sentido, as Igrejas aos poucos vêm reagindo através de posicionamento para mudar esse quadro lamentável: ações de sensibilização sobre o tema entre sua liderança e fiéis, promoção de seminários e parcerias com entidades não eclesiásticas que trabalham com a temática. O grande desafio de muitas das Igrejas Cristãs é tratar desse tema e trazer para si argumentos que desconstruam a lógica da violência dentro do espaço religioso. O uso indiscriminado dos textos bíblicos para justificar as diversas formas de violência de gênero é uma barreira a ser superada por pastores/as e teólogos/as.
Palavras Chave: Violência de Gênero, Igrejas, Pastoral.
Introdução
A sociedade contemporânea tem sido palco de injustiças e desigualdades sociais e de gênero, assim como das diversas manifestações de violências que vêm se ampliando intensamente, em virtude do contexto sócio-político e religioso que aviva desequilíbrios, dos mais variados, em nosso país.
Uma dessas manifestações é a violência de gênero e/ou violência doméstica, considerada hoje pelas pesquisadoras – Azevedo e Guerra (1995, 2001), Minayo (2002), Santos (2004) – como um problema social de grande dimensão que abala toda a sociedade, a qual atinge, de forma continuada, especialmente, mulheres, crianças, adolescentes, idosas e pessoas com deficiências.
Pesquisa realizada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (FIBGE, s/d) revela que 63% das vítimas de violência, no espaço doméstico, são mulheres, e que, destas, 43,6% têm idade entre 18 e 29 anos; e outras 38,4% entre 30 e 49 anos. Entre 70% dos casos, os autores de violências são os próprios maridos ou companheiros. Segundo informações, colhidas nas Delegacias de Mulheres, em 1993 ocorreram 11.000 estupros, em 12 grandes cidades brasileiras e 01 agressão à mulher, a cada 04 minutos. Conforme o Ministério da Saúde (s/d), a violência, nas relações de casal, é tão ampla que assume um caráter endêmico.
De acordo com o dossiê de 2006, realizado pelo Fórum de Mulheres, Articulação de Mulheres do Brasil e Juventude Feminista, em Pernambuco, nos últimos quatro anos foram assassinadas 1.193 mulheres. Somente em 2006 aconteceram 55 homicídios de mulheres, da faixa etária entre 24 e 37 anos; e os autores de violência, geralmente, são homens conhecidos das mulheres com os quais elas têm relações de proximidade, como os maridos, namorados, vizinhos e/ou parentes.De acordo com a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE), das 4.514 vítimas de homicídios no ano de 2008, 279 foram mulheres. De junho de 2000 a janeiro de 2009, o Disque Denúncia registrou 5.308 ocorrências de violência contra a mulher. Recife,com 45%dos casos registrados, apresenta o maior índice de violência no Estado, seguido por Jaboatão dos Guararapes com 16%, Olinda com 13%, Paulista com 8% e os 18% restantes em outros municípios do Estadode Pernambuco, recordista em casos de violência contra a mulher no Brasil.
Quanto à violência contra os idosos, no Brasil, a experiência de alguns serviços de denúncia e de proteção aos idosos expressa que, geralmente, as vítimas são mulheres viúvas, em idade avançada e que moram em companhia da família. A Promotoria de Atendimento ao Idoso, em São Paulo, recebe queixas de violência contra o/a idoso/a por Instituições e familiares, e 40% das 60 denúncias semanais dizem respeito à violência doméstica contra eles e elas. O Diário de Pernambuco constatou, em 2007, um aumento de denúncias de violência contra idosos/idosas, principalmente, no contexto familiar pernambucano. Registra-se, ainda, que, de acordo com o balanço realizado pelo Ministério Público, apenas dois casos chegaram em 2002 ao Disque Denúncia, enquanto no período de janeiro a 31 de julho de 2007 foram registrados 156 casos. E até maio de 2009, a Delegacia do Idoso do Recife registrou 363 casos de violência doméstica contra pessoas maiores de 60 anos.
Em nosso país não existem dados oficiais sobre a dimensão do problema da violência doméstica contrapessoas com deficiências, entretanto, segundo informações colhidas na Delegacia da Mulher e da Criança, em São Paulo, tem se identificado que, geralmente, crianças e adolescentes, com deficiência mental e/ou distúrbio de comportamento, são contidas através de cordas, ataduras ou isolados em quartos sem qualquer conforto, e, em alguns casos, foi observada, ainda, a administração exagerada de medicamentos e álcool. Essas crianças e adolescentes moram com seus pais e familiares.
Quanto à violência doméstica contra a criança e o adolescente, também,existeumasubnotificação bastante significativa, porém encontramos alguns dados que sinalizam a gravidade do problema. Exemplo disso, uma pesquisa realizada pelo Comitê Latino Americano de Estudos sobre a Violência (CLAVES), em Duque de Caxias – RJ, em 1991, mostra que 52,8% dos 1.328 adolescentes entrevistados (entre 11 e 17 anos) relataram ter sofrido violência, por parte de ambos os pais. Outra Pesquisa, em 1998, coordenada pela Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente (AMENCAR), em Porto Alegre e Região Metropolitana, identificou 1.754 casos de violência: desses, 80% ocorreram dentro de casa.
A Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente de Pernambuco – GPCA registrou no ano de 2008, 1.047 casos de violência doméstica contra crianças e adolescentes, subdividos por tipo de violência, dos quais 65,9% foram de violência física, 10,9% de violência sexual, 16,0% de violência psicológica e 7,2% de negligência. E quanto aos autores dessas violências, foram apontados pais, mães, padrastos, madrastas, tios e tias e avós. Entre esses casos, no que diz respeito às pessoas que viveram em situação de violência, 60,1% eram meninas e 39,9%, meninos.
As estatísticas apontam Mulheres e Meninas como pessoas mais suscetíveis à situação de violência de gênero e/ou doméstica, segundo Saffioti (2001) e Araújo et. alli.(2004). Pode-se aferir que estes dados estatísticos apontam a dimensão desse problema em nossa sociedade, considerado hoje como “um problema de saúde pública uma vez que tem enorme repercussão sobre a saúde física e mental das mulheres” (SANTOS, 2004, p. 139).
Diante dessas evidências e das diversas formas de manifestações de violências contra mulheres, idosas, crianças, adolescentes e pessoas com deficiência, e da complexidade que envolve a temática, foi escolhido ressaltar como desafio e compromisso das Igrejas, neste texto, a violência de gênero contra as mulheres e as meninas.
Primeiro, porque essas manifestações de violências acontecem também nos contextos religiosos: tanto no seio das famílias que professam seus credos, quanto nas igrejas, santuários e templos em que os leigos/leigas e lideranças religiosas, podem agir como autores e autoras de violência contra a Mulher e a Menina.
Segundo, porque as Igrejas podem atuar com violência quando compactuam com a cultura do silêncio, negando-lhe a própria existência, omitindo-se, recusando-se a falar e a denunciar as violências, os autores delas, e as próprias estruturas injustas que mantém e dissemina esse pecado.
Terceiro, quando as Igrejas vivenciam essa violência como alguma coisa “natural”, provavelmente sinalizam não somente a banalização da violência na sociedade, como também, a legitimação dessa violência no seio das famílias como algo que faz parte da educação doméstica. O homem exerce seu poder, ainda de cunho patriarcal, sobre a mulher; e os adultos/pais exercem sua autoridade como abuso de poder para com as filhas.
Sendo assim, também, pode-se considerar estes dados como manifestação de uma cultura machista que alimenta o imaginário social com idéias e formas que sustentam a desigualdade de poder e de gênero.
- Desafio das Igrejas diante da Violência de Gênero
A violência de gênero acontece independentemente da classe social, etnia e/ou raça, profissão, religião/credo, orientação sexual, escolaridade, deficiência (surda, cega, cadeirante), idade e estado civil que tenham. Todas estão sujeitas a sofrerem violência, contudo algumas estão mais vulneráveis que outras, devido a sua condição socioeconômica, ético-racial, física e/ou religiosa.
Então pensar em Mulheres e Meninas que vivem em situação de violência, é pensar em sua diversidade enquanto cidadãs – sujeitos político e histórico – em que todas apresentam suas particularidades e diferenças. Portanto faz-se necessário compreendê-las “no plural”: como pobres, ricas, residentes nos centros urbanos ou rurais, brancas, negras, índias, católicas, protestantes, pertencente às religiões de matriz africana, espíritas, agnósticas,lésbicas, heterossexuais,que fazem trabalhos remunerados e não-remunerados, que são mulheres chefes de famílias, idosas, jovens, que podem ser mulheres e meninas cegas, surdas, cadeirantes e solteiras, viúvas, casadas.
Entende-se que assim como diversas são as pessoas que vivem em situação de violência de gênero, diversas, também, são as formas de manifestações de violências: psicológica, física, sexual, material, simbólica e religiosa.
Essas violências se apresentam como um fenômeno que diz respeito às relações de poder abusivo e desigual, estabelecidos através de vínculos que se tornam violentos. De acordo comSantos (2004, p. 132), “[…] é um fenômeno multifacetado, que assume formas e sentidos variados, de acordo com a cultura e o momento histórico em que ela é produzida”.
A violência de gênero tem sido discutida a partir de perspectivas diversas por diferentes teóricos. Violência de gênero, violência contra a mulher e violência doméstica devem ser compreendidas com suas especificidades, mesmo quando usadas como sinônimos, como demarcam Araújo et. alli.(2004).
A compreensão de “violência contra a mulher” passou a fazer parte do senso comum como conceito psicossocial no final dos anos 70, início de 80, diante do trabalho realizado pelos Movimentos Sociais que passaram a denunciar essa violência e reivindicar, por exemplo, as delegacias especiais de atendimento à mulher.
Araújo et. alli.(2004)acrescentam, ainda, que a violência contra a mulher, por acontecer, “comumente”, no âmbito do espaço doméstico, conjugal e/ou familiar, passou a ser, também, nomeada como violência doméstica, e, a partir dos anos 90, impulsionadas pelas pesquisas e estudos sobre gênero no Brasil, autoras como Saffioti e Almeida (1995) passam a designar a violência contra a mulher como violência de gênero.
Essas autoras, acima mencionadas, ampliam o conceito porque abrangem não somente as mulheres, mas também crianças e adolescentes como pessoas que vivem situações de violência praticada pelo homem, predominantemente. No entanto, mulheres também podem ser autoras de violência contra outras mulheres e, ainda, contra homens.
Chauí(1985, p. 35), por exemplo, aborda o fenômeno como um processo de “coisificação” do sujeito, entendendo que a violência de gênero, produzida numa relação desigual, acontece quando a fala e a atividade do outro são anuladas. Nas palavras da autora a violência é:
A conversão dos diferentes em desiguais e a desigualdade em relação entre superior e inferior. […] a ação que trata um ser humano não como sujeito, mas como uma coisa. Esta se caracteriza pela inércia, pela passividade e pelo silêncio de modo que, quando a atividade e a fala de outrem são impedidas ou anuladas, há violência.
Para Azevedo e Guerra (1995, p. 36), a violência doméstica refere-se à violência contra a criança e o adolescente, compreendida por elas como:
Todo ato ou omissão praticado por pais, parentes ou responsáveis contra crianças e/ou adolescentes que – sendo capaz de causar dano físico, sexual e/ou psicológica à vítima – implica de um lado, numa transgressão do poder/dever de proteção do adulto e, de outro, numa coisificação da infância, isto é, numa negação do direito que crianças e adolescentes têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento.
Essa violência pode ser agrupada em cinco tipos/formas: violência física(como todo e qualquer dano físico, desde um tapa ao óbito), violência sexual (desde um olhar ao coito praticado sem o consentimento do outro, violando seus direitos, podendo subdividir-se em abuso e em exploração sexual), violência psicológica (conjunto de atitudes, palavras e ações que envergonha e censura o outro; rejeitar, isolar, aterrorizar, ignorar, produzir expectativas irreais ou extremas exigências sobre a conduta, humilhar, etc.), negligência(toda forma de omissão no tocante às necessidades básicas de saúde, educação, etc.) e abandono (ausência/afastamento em que expõe o outro à situação de risco).
- As Igrejas diante do Locusde Manifestação das Violências
Face à realidade exposta, compreende-se que as violências contra as Mulheres e as Meninas têm se manifestado principalmente no espaço familiar e que os seus autores de violência são provavelmente pessoas de sua convivência e/ou parentesco. Há muito que a família, tida como sagrada e nuclear, deixou de ser o lugar de proteção e cuidado e tem se tornado palco de violências.
Nesse contexto, as Mulheres e Meninas são as pessoas que vivem em situação de violência (objeto de violência) e o marido, companheiro, namorado, irmão, avô, tio, pai, mãe, são “comumente” os autores e/ou autoras (sujeitos e produtores de toda forma de violência). Todavia, é possível considerar que tanto o casal, quanto pais e filhas constituem uma dinâmica “violenta” delimitada por leis, segredos e mitos próprios.
Nessa conjuntura, todos e todas estabelecem laços de afeto e compartilham o mesmo espaço de tensão demarcado por sentimentos ambivalentes como: amor, ódio, alegria, angústia, tristeza, raiva, medo, ansiedade, culpa, vergonha. Sentimentos esses que as acompanham ao longo da vida. Para a Organização Mundial de Saúde – OMS (2002) a violência acarreta, incontestavelmente, seqüelas emocionais de difícil elaboração para as pessoas que a vivenciam.
É importante admitir que a família com experiência religiosa também se constitui um lugar profundamente afetado pela problemática da violência, que independente do credo que professa ela não está isenta de viver e conviver com uma dinâmica familiar violenta.
É relevante considerar, ainda, que cada família vivencia as manifestações dessas violências com dinâmica própria, atribuindo diferentes afetos e sentidos a suas vivências, neste locus familiar, afetados por todo um processo social, político, cultural, econômico, religioso e histórico.
Os movimentos sociais e as ONGs, através da defesa dos direitos humanos, têm dado visibilidade à temática, tornando público o que era considerado restritamente lugar do “privado”. A violência de gênero e/ou doméstica sai do quarto, da sala e da cozinha e ganha espaço de discussão e de denúncia nas praças, escolas, delegacias, igrejas, espaços acadêmicos, assembléias legislativas e fóruns judiciários. Questionar esse lugar do privado possibilita, também, a ruptura do pacto do silêncio que envolve esse fenômeno. Compreende-se, então, que esse se constrói entre o individual e o coletivo, entre o público e o privado, configurando-se, através da complexidade que compõe a contemporaneidade.
- O Compromisso das Igrejas diante da Violência de Gênero contra as Mulheres e as Meninas
As Igrejas Cristãs não estão isentas dos atos de violência que ocorrem diariamente contra as Mulheres e as Meninas. Dentro das instituições é reproduzido o mesmo modelo que está na sociedade: violência de gênero. A mulher é vulnerável dentro do sistema religioso, pois se usa uma retórica religiosa e um apelo à Bíblia como forma de justificar as ações de violência, como se Deus aprovasse os comportamentos violentos. Sabe-se de muitos casos quando uma mulher é pega em “pecado” recebe a disciplina pastoral que expõe a pessoa a situações vexatórias, podendo ela se submeter à autoridade (com abuso do poder) ou sair do ambiente da igreja.
Há indícios de mudanças nesse quadro, ou melhor, da reação das Igrejas e do Movimento Ecumênico para com as questões que envolvem a mulher e a violência. As Nações Unidas declararam a década 2001-2010 como “Década Internacional para uma Cultura de Paz e Não-Violência”, declaração que repercutiu dentro do ambiente religioso impulsionando as pastorais das igrejas voltadas para o cuidado com a mulher. Através do Conselho Mundial de Igrejas (CMI)[3]desenvolveram-se muitos programas para a criação de uma cultura de paz, tais como “Decênio Ecumênico de Solidariedade das Igrejas com as Mulheres”, “Programa para Superar a Violência”, “Paz à Cidade” e por fim, a “Década para Superação da Violência- 2001-2010”. Existe um investimento em formação de quadros e em projetos que visam adeter a violência de gênero. Na Conferência de Lambeth[4]de 1998 foi elogiada a proposta do referido Decênio do CMI através da Resolução nº IV.7. Na Resolução 1.3 da mesma Conferência de Lambeth sobre Justiça Para as Mulheres e Criançasrecomendou-se:
[…] descobrir de que forma as mulheres e crianças são atingidas e vitimadas pelos sistemas políticos, econômicos, educacionais, culturais e religiosos em que vivem; b) descobrir de que forma os elementos criminosos de nossa sociedade vitimam e exploram mulheres e crianças; c) enaltecer o nível de consciência pública (local, nacional e internacional) de tais abusos e d) trabalhar pela eliminação desses abusos por meio da cooperação com grupos existentes, como a End Child Prostitution in Asian Tourism, e as agências monitoras das Nações Unidas e do Conselho Mundial de Igrejas.
Resumidamente, as orientações das entidades religiosas consistem basicamente em: sensibilização (participar nos locais que ocorrem discussão sobre a temática e tentar perceber os mecanismos de rompimento do estado de violência), capacitação (através das oficinas, seminários), criar laços com entidades que trabalham especificamente com a temática e fazer parte do planejamento estratégicos das igrejas.
- Espaço de Liderança Feminina na Comunhão Anglicana
A Comunhão Anglicana[5]se posiciona como parte da Igreja de Cristo e assim, dedica um constante diálogo com as demais igrejas irmãs. Muitas vezes suas decisões trazem certos desconfortos internamente e com os demais ramos do cristianismo como foi o caso da ordenação feminina. Muitasdas supramencionadas decisões são tomadas devido à relação que a Igreja Anglicana tem para com a Bíblia. O teólogo Maraschin (s/d), fala sobre essa maneira interessante do anglicanismo para com a leitura dos textos bíblicos e o fazer teologia:
A Comunhão Anglicana se caracteriza por um liberalismo bíblico muito positivo. Não temos um tribunal que determina de maneira autoritária como se deve interpretar a Bíblia. A interpretação das Sagradas Escrituras resulta do trabalho de especialistas que se dedicam ao estudo da Palavra de Deus e oferecem às congregações os resultados de seus trabalhos. É por isso que temos tanta diversidade de expressão congregacional e de vida cristã. Os anglicanos, por outro lado, sempre demonstraram grande amor pela Bíblia e a colocaram sempre na base de todas as suas preocupações. Antes de qualquer outra coisa, a Comunhão Anglicana é bíblica no sentido em que busca no Livro Sagrado a inspiração, a fonte, o método e o significado de tudo o que faz. Mas essa busca e essa fundamentação não é dogmática. É liberal.
Essa abertura no tocante à ordenação feminina foi apenas possível através dessa postura liberal diante os textos bíblicos e de uma constante preocupação pastoral com a posição “fragilizada” da mulher na sociedade.
No contexto da Comunhão Anglicana existem cada vez mais mulheres ocupando os espaços de lideranças. Leigas e clérigas conquistando posições dentro do anglicanismo. A primeira mulher ordenada foi Florence Li Tim Oi, de Hong Kong em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, período no qual não havia homens para cuidar das comunidades religiosas e a liderança feminina foi recebida com urgência pela Igreja Anglicana. Décadas mais tarde a Comunhão Anglicana iria se posicionar em muitos países a favor da ordenação feminina. A primeira a ser ordenada ao episcopado foi Bárbara Harris em 1989, eleita para ser sufragânea na Diocese de Massachusetts. Apenas em 2006 a Igreja Episcopal dos Estados Unidos elegeu como Bispa Presidente (Primado) Katherine Jefferts Schori para representar 98 Dioceses Americanas. A Igreja da Inglaterra (Church of England), no ano de 2006, ordenou mais mulheres que homens pela primeira vez na história (213 mulheres e 210 homens).
No Brasil, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) em 1985 ordenou a Reverenda Carmen Etel como a primeira mulher pastora. Segundo dados da IEAB o ministério ordenado feminino representa cerca de 30% do clero anglicano nacional. Ainda não existem mulheres bispas, apesar de terem, desde então, se candidatar a eleições diocesanas. Muitas dioceses estão livres para encaminharem, porém, não o fazem.Aqui no Brasil poder-se-á, no futuro certamente eleger uma ou mais mulheres para o episcopado.
Em carta aberta ao Povo da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, teólogas, clérigas e leigas, fizeram recomendações em Encontro pelos 20 anos (1985-2005) de ordenação feminina, destacando-se
A formação teológica na IEAB contemple a questão de gênero, através da revisão curricular e do acréscimo da cadeira de Teologia Feminista nos nossos Seminários e Centros de Estudos Teológicos Diocesanos; e que através do CEA (Centro de Estudos Anglicanos) seja ampliada a discussão sobre o tema, por meio da promoção de seminários regionais e diocesanos; e que a JUNET (Junta Nacional de Educação Teológica) contemple em seu programa de bolsa a formação em outras áreas do saber, como forma de auxílio no desenvolvimento do ministério.
A IEAB respeite a resolução do Conselho Consultivo Anglicano, de junho de 2005, onde orienta a participação feminina em 50% em todos os níveis decisórios: cargos e comissões paroquiais, diocesanos e provinciais;
A política salarial das dioceses contemple com justiça e igualdade o exercício do ministério feminino, tornando os salários dignos e nos mesmos níveis que são pagos aos homens que exercem igual função; e que também sejam respeitados os direitos trabalhistas e de previdência complementar (FAPIEB).
Percebe-se pelas recomendações acima que ainda há muito que avançar no espaço para as mulheres no anglicanismo brasileiro. Esse descompasso na igualdade de direitos não pertence apenas ao Brasil, mas aparece em outros países onde o anglicanismo tem uma presença mais forte. Assim sendo, O’Brien e Palmer (2008, p. 72) argumentam através de sua obra um mapeamento das religiões do mundo em diversos temas, entre eles, o desafio contemporâneo da igualdade sexual no espaço sagrado,
[…] Na atitude religiosa diante das mulheres, as posturas sociais arraigadas costumam ter mais influência que a teologia. No anglicanismo, em que as mulheres são oficialmente iguais, acaba lhes sendo negada igualdade plena a partir de certo nível, e elas são freqüente alvo de preconceito e sutil discriminação.
Considerações Finais
As Igrejas desempenham um importante papel diaconal na sociedade: consolando, ensinando, acolhendo, celebrando e engajando-se político e socialmente. Diante da violência de gênero contra as mulheres e meninas, a Igreja deve desenvolver ações de enfrentamento e de prevenção.
Ações de Enfrentamento:
- acolher as famílias que vivem em situação de violência doméstica;
- proteger as mulheres e meninas que vivem em situação de violência de gênero e/ou doméstica;
- denunciar: as violências, os autores delas, e as próprias estruturas injustas que mantêm e dissemina esse pecado;
- agregar toda e qualquer configuração familiar.
Ações de Prevenção:
- Propor discussões nos espaços religiosos sobre a sobre a temática incluindo leis e estatutos.
- Compreender como as Igrejas vêm esse fenômeno, as práticas e lugares a elas atribuídos.
- Provocar diálogos sobre novas formas deserem famílias, homens, mulheres, casamentos, amor, gênero e de estabelecer relações.
- Promover grupos temáticos para homens com idades diferentes.
As igrejas têm a responsabilidade de desconstruir, desmitificar os ensinamentos de textos bíblicos que são interpretados equivocadamente sobre a Mulher e Menina e sobre violência. Leituras dos textos literais das Escrituras Sagradas continuam sendo feitas dentro das Igrejas. Atos de violência e os atentados contra os Direitos Universais são cometidos dominicalmente nos púlpitos e nas relações pastorais desastrosas travadas junto às Mulheres e Meninas. Aos fiéis cabem responder através de articulações para buscarem outras formas religiosas possíveis. É aquilo que é chamado da ruptura privativa da fé que, segundo Castro (2000, p. 110),
[…] vivem sob enfoques ‘teológicos’ fundamentalistas e que, ao ‘espiritualizarem’ a realidade cotidiana, apresentam respostas simplistas e imediatistas aos problemas complexos que os tempos da modernidade colocam aos seus fiéis.
É necessário se trabalhar urgentemente dentro das casas de formação religiosa por uma teologia que desloque o seu eixo de reflexões para debater e fomentar políticas públicas. A Teologia não pode se fechar dentro do universo religioso, pois está também comprometida com a sociedade. A partir dessa Teologia, fazer leituras dos seus textos bíblicos com óculos da cidadania (hermenêutica), isso não diminuirá a mensagem do Evangelho, mas haverá uma autêntica contextualização do ensinamento dos textos bíblicos.
Anexo: Vivência Pastoral diante da Violência de Gênero
Estudo de Caso: Experiência de um Acompanhamento Pastoral Realizado por um Pastor da Igreja Anglicana junto a uma Família em Situação de Violência Sexual contra uma Menina no Espaço Religioso
Síntese:violência a uma criança dentro do espaço religioso por um adulto, membro da mesma comunidade.
Mãe:Maria. Idade: 30 anos. Em fase de divórcio. Trabalho: vendedora de uma loja.
Filha mais velha:Talita. Idade: nove anos.
Suposto agressor/autor de violência:Sr. Ananias. Idade: 48 anos.
Nomes fictícios para proteger as identidades das pessoas.
Maria é uma jovem senhora que freqüentava, há alguns anos, uma comunidade cristã, da qual eu era o Pároco, na periferia de uma grande cidade. Ela é casada, mas o marido não convivia muito com ela nas atividades da igreja. Ela teve duas filhas com ele: uma de sete e outra de nove anos. Eles não moram nas proximidades da igreja. As filhas do casal participavam juntamente com outras crianças das programações infantis e, em especial, da escolinha dominical da igreja, dirigida por uma professora voluntária.
Após o culto dominical vespertino, eu estava no gabinete pastoral, preparando-me para encerrar os trabalhos, quando fui surpreendido por gritos vindos do pátio da igreja. Logo após, vi Maria, a mãe das crianças, entrando no gabinete aos prantos e falando palavras desconexas, sem sentido para mim. Gritava, exprimindo uma dor horrível que saía do fundo da alma, dizendo: “Isso não pode ter acontecido! Minha filhinha é uma inocente”. Entra, em seguida, outros fiéis da igreja, tentando me explicar o que aconteceu. Diziam que alguém tinha abusado da filha mais velha, Talita. Procurei juntamente com alguns fiéis acalmar a mãe e tentei compreender o que havia ocorrido de fato. Eu não acreditava no que estava ouvindo. Pedi para aquela mulher repetir a história uma, duas, três vezes. Naquele momento, tive vontade de abrir um buraco e me enterrar. Não acreditava que aquela situação poderia ocorrer dentro de um espaço religioso de irmandade. A mãe falou que a filha, após o término do culto, contou que uma pessoa da Paróquia tinha “brincado”(tocado) com suas partes íntimas. A criança disse que foi Ananias quem a tocou. A mãe imediatamente tentou encontrá-lo, mas ele já havia partido com sua esposa para casa.
No gabinete, pedi a Maria que chamasse a sua filha para conversar sobre o assunto. Vi aquela criança, assustada, entrar no gabinete e não sabia como abordar o assunto com ela. Fiquei abaixado para falar juntinho dela, tentando criar um clima de confiança, e expliquei que gostaria de ouvir dela a história que contou para sua mãe. A mãe auxiliou, incentivando a filha a falar para mim o que tinha contado para ela: “Vai filha. Conta para o pastor. Você não gosta do reverendo?”A criança contou chorando que um dia Ananias estava cuidando dela e das outras crianças. Ele a colocou nos ombros e segurou suas coxas com as mãos. Ele tocou em suas partes íntimas com um dos dedos e perguntou se ela estava gostando. Ela disse que não gostava, pois sua mãe tinha dito que não deixasse gente grande tocar nessas partes dela. Alguns fiéis me relataram que isso poderia ter acontecido há uns dois meses atrás, possivelmente em um sábado. As mulheres e adolescentes estavam na cozinha preparando uma festa para o domingo. Ananias se prontificou a cuidar das crianças enquanto suas mães estavam trabalhando.
Naquela noite, depois de ouvir atentamente a declaração da menina, liguei para uns colegas que me davam suporte pastoral. Conversei com eles sobre o assunto e pude, assim, direcionar melhor minhas idéias. Depois de algumas orientações pastorais, convenci a mãe a levarmos essa questão a uma delegacia e tomar as devidas providências. Ela teve um pouco de resistência, mas decidiu ir adiante. Ficamos acordados até de madrugada em função do caso: além do exame realizado na criança por técnicos, havia também uma psicóloga dando apoio. Terminados todos os procedimentos de urgência, deixei a família na casa dos avós maternos da criança. A mãe da criança achou melhor não falar nada para o pai temendo algum ato de violência.
Não consegui dormir direito naquela noite. Repassava várias vezes a cena em minha mente e me perguntava se tinha agido corretamente. De manhã cedo fui trabalhar no meu consultório (emprego secular). Atendi, como sempre nas segundas-feiras, um grupo de crianças as quais traziam de volta a minha mente a imagem daquela menina assustada. Articulei-me, durante o intervalo, com os dois colegas ministros religiosos que me auxiliavam na igreja. Planejamos uma reunião, para logo mais à noite daquele dia, em meu gabinete pastoral com Ananias e sua esposa. Combinei encontrar com meus colegas uma hora antes da reunião com o casal para acertarmos detalhes. Esses ministros religiosos tinham filhos e filhas da mesma idade da pequena Talita. Um deles me confidenciou que um dos seus filhos também sofreu violência. Uma história que vai carregando outras histórias. O dia para mim se tornava longo, sem fim. Liguei para o Ananias, convidando-o para uma conversa, juntamente com sua esposa, sobre um assunto de seu interesse, e ele aceitou prontamente.
Desde o momento que assumi pastoralmente a comunidade religiosa (há cerca de um ano), o Ananias colocava-se muito solicito para cuidar dos adolescentes: “Já ajudei em encontros de adolescentes. Posso ajudar a cuidar deles…”,contou-me certa vez. Ele estava casado alguns anos, mas não tinha filhos com sua esposa. Em determinado período, ela deixou de freqüentar mais assiduamente a paróquia. Apesar da insistência, não permiti que liderasse os adolescentes, pois percebia que não tinha a mínima formação bíblica. Deixei que auxiliasse o seminarista responsável pelos adolescentes. Alguns paroquianos não gostavam muito dele, dizendo que teve um passado comprometido. Havia também uma resistência, por parte das mães, em relação ao contato dele com as adolescentes. Isso também ajudou a não colocá-lo na liderança, mas nunca tinha desconfiado de algo mais.
Chegou o momento da conversa pastoral com o casal. Comecei dizendo que não estávamos ali formando um tribunal com uma sentença pronta, mas que nos colocávamos como pastores preocupados com a crise. Expliquei toda a situação do domingo e disse que pesava sobre ele uma acusação de abuso contra uma de nossas crianças da comunidade. Em determinado momento da conversa, minha voz sumiu. Sentia-me mal cada vez que me dirigia ao Ananias. Pedi, então, que um dos companheiros prosseguisse relatando o caso. Aconselhamos ele e a esposa a se ausentarem da comunidade, por algum tempo, até tudo ficar esclarecido e, assim, evitar qualquer problema com a família da criança e, até mesmo, com paroquianos.
Lembro-me que um dos colegas solicitou a ele que se expressasse, dizendo algo sobre o assunto. A princípio, ele não externou nenhuma emoção. Depois disse que realmente se lembrava de um dia ter brincado com a pequena Talita, colocando-a sobre seus ombros. Informou que, logo após, colocou-a no chão e que“apenas tinha ajeitado a calcinha e a saia da menina”. Disse não ter tocado na criança da forma como ela nos havia relatado. A esposa não falou absolutamente nada em defesa do marido do começo ao fim. Ele insistia em falar com os pais da menina. Aconselhei que não falasse naquele momento, mas que aguardasse mais um tempo. Contei a ele que a mãe da criança tinha medo da reação do pai. Justifiquei também que os ânimos dos fiéis estavam exaltados e não poderia me responsabilizar pelo o que poderia ocorrer com ele e a esposa. Após uma hora de conversa, despedimo-nos, e foi a última vez que vi aquele casal. Seis meses depois, fui escolhido para trabalhar em uma outra comunidade e, assim, perdi o contato com aquelas pessoas.
Durante aquela semana, conversei com a mãe sobre o encontro pastoral com Ananias e sua esposa. Eu disse que ele seria chamado na delegacia para tratar do caso com a delegada e só restava esperar. Aconselhei-a que buscasse apoio psicológico, mas preferiu deixar para mais tarde, caso houvesse necessidade. Ela se sentia só, fragilizada e culpada por tudo aquilo: “Se tivesse um marido por perto, isso não aconteceria com minha família”,disse ela.Talvez já sentisse essa pressão no espaço religioso onde a mulher sem marido é olhada com desconfiança pelas demais.
No domingo seguinte, fui abordado por homens da paróquia, dizendo que achavam um absurdo aquele procedimento em relação ao Ananias. Diziam eles: “Afinal era uma criança. Crianças fantasiam muito”. “Já o Ananias…”,diziam eles,“era um homem formado, tinha esposa e responsabilidades”. Um outro falou: “Agora qualquer criança poderia denunciar os adultos”. Outros me diziam que a Bíblia ensinava resolver os problemas dentro da comunidade de fé e não os levar para fora. Caso, de fato, houvesse uma agressão, o perdão entre irmãos seria o bastante. Eles achavam que eu deveria ter sido mais pastoral ao invés de encaminhar esse problema à polícia. Respondi a eles que fiz o que achei correto, pois não estávamos tratando de assuntos conflituosos “comuns de uma igreja”, tais como desentendimentos ou fofocas. Por outro lado, foi interessante observar a reação das mulheres diante desse caso. Elas deram total apoio ao meu procedimento.
Acompanhei o caso de longe, devido a minha transferência para outra cidade. Soube que Ananias foi convocado pela polícia para uma conversa. A mãe aguardava, mas sem muita segurança. Ela continuou freqüentando a igreja com as filhas. Dois anos depois do ocorrido, soube que ela havia retirado a queixa. Segundo ela: “Entreguei tudo nas mãos da justiça divina”.
Sabemos que a violência infantil cresce em ambientes onde não há vozes que a denunciam. A violência infantil está dentro de nossas famílias e também nas igrejas. O agressor não é um indivíduo desconhecido que está longe da vítima, mas alguém que goza de muita confiança. Depois desse caso da Talita, outros casos foram surgindo, muitas vezes de forma tímida nas minhas conversas com paroquianos e amigos. Soube de dois casos em igrejas cujo procedimento eclesiástico foi de transferir o agressor (ambos eram pastores) de um local para outro. Na verdade apenas transferiram o problema para outra comunidade. Essa transferência não seria uma espécie de presente ao agressor? Tais conflitos fazem traumas na vida das pessoas agredidas e de suas respectivas famílias e amigos.
A mãe preferiu não levar adiante o caso e o entregou nas “mãos de Deus”.Não se pode espiritualizar conflitos como esse. Quem sabe, porém, diante de uma justiça tão lenta a ponto de não se concretizar na sociedade, aquela mulher negra, divorciada e, naquele momento, sem trabalho (havia perdido o emprego na loja), a espiritualização foi o melhor que encontrou para não enlouquecer? Por outro lado, muitas mulheres não prosseguem em virtude da falta de uma rede apoio.
Caso de violência admite-se quem trata é a polícia e os profissionais responsáveis. Os pastores e pastoras devem com discernimento orientar as vítimas, fornecendo o apoio espiritual. Eles são as vozes dessas pessoas que estão frágeis em situações como essas. Os líderes religiosos, porém, precisam saber quais são os seus limites. O discurso pastoral, seja através dos sermões, seja através de aulas sobre religião, precisa contemplar, entre outros temas, o da violência.
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[1]Mestrando em Ciências da Religião (UMESP), Sacerdote ordenado pela Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e Reitor da Paróquia da Santíssima Trindade na Cidade de São Paulo. E-mail arthur@trindade.org
[2]Mestre em Psicologia Clínica (UNICAP), Especialista em Violência Doméstica contra Criança e Adolescente, ativista em HIV/AIDS pela ONG Espaço Vida – Evida. Leiga membro da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. E-maililcelia2007@hotmail.com
[3]Órgão fundado em 1948, com sede em Genebra, e formado por 349 igrejas de mais de 110 países e que representam 560 milhões de cristãos. Seu principal objetivo é a busca de unidade entres as Igrejas Cristãs. A Igreja Anglicana é uma das igrejas fundadoras desse organismo.
[4]Representa uma Consulta entre os Bispos/as Anglicanos/as de toda Igreja Anglicana, que se reúnem a cada dez anos para tratar de temas diversos da Igreja e do Mundo.
[5]Representa a Família de Igrejas autônomas em mais de 160 países, com 80,9 milhões de fiéis e que estão em comunhão com a Sé de Canterbury na Inglaterra. No Brasil a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil representa a 19ª Província da Comunhão Anglicana.